Sustentabilidade, inovação, design, cultura exportadora e informação qualificada deram o tom na abertura do World Plastic Connection Seminar

Sustentabilidade

Evento global online contou com a participação de especialistas renomados para apresentar as oportunidades e desafios para a indústria dos plásticos transformados

Com o tema central: “A conexão da indústria do plástico com as tendências globais pós-pandemia” o primeiro dia do Seminário, uma das cinco ações do World Plastic Connection Summit 2021 contou com importantes debates e apresentações que destacaram a importância das mudanças disruptivas, da inovação, da sustentabilidade, da informação, do design e da cultura exportadora dentro das empresas.

Confira abaixo um resumo das apresentações do evento global.

“Internacionalização: O que é preciso para ser competitivo nas exportações depois do Covid-19” por Nicola Minervini

O webinar que marcou a abertura do Seminário (3/11) ficou a cargo do consultor de negócios italiano Nicola Minervini, autor do livro “O Exportador” (Editora Actual). No início de sua fala, o especialista fez uma breve análise do panorama do comércio exportador no Brasil.

“O comércio brasileiro pode alcançar US$ 500bi, um volume fantástico, mas que equivale apenas 1,4% das trocas globais – há alguns anos eram 2%. Antes da pandemia, 55% das exportações eram de produtos industrializados e hoje estamos por volta de 26%. Estamos exportando muita matéria-prima e poucos manufaturados. Quanta matéria-prima não poderíamos industrializar?”, questiona Minervini.

O consultor enfatizou ainda a importância das empresas verificarem se têm atitude exportadora.

“A cultura de negociação é diferente do que se faz no mercado interno. ISO-9000 hoje é o mínimo, agora falamos de design, tecnologia. Para ter competitividade na exportação, tem que ter atitude, por parte da gestão. Exportação é uma consequência do processo de desenvolvimento da empresa”, afirma Nicola.

De acordo com o especialista, a única forma de pequenas e médias empresas entrarem no mercado externo se dá através de redes setoriais de empresas. “Para que a pequena empresa possa exportar, a única forma é pensar em fomento à exportação em formatos de redes de empresa geridas por executivos não ligados às empresas, formadas um conjunto de empresas selecionadas, treinadas, homogeneizadas”, explica Minervini. Para as empresas que já exportam, Nicola sublinha a necessidade de se fazer um plano exportador.

“O Futuro do Design e das Cores no Novo Mundo” por Karim Rashid

O egípcio Karim Rashid, um dos designers mais renomados do mundo, mostrou como a tecnologia pode fazer do polímero plástico um importante aliado da sustentabilidade.

“A indústria de polímero mudou radicalmente o mundo, nossas experiências sociais e trouxe inúmeras facilidades para a sociedade. Lá fora têm uma discussão sobre se é bom ou não para a sociedade, o meio ambiente. Mas a gente precisa usar os polímeros de forma correta, entender as suas propriedades. A gente está indo na direção correta agora com os bioplásticos. No futuro, a maioria dos nossos polímeros serão biodegradáveis ou bioplásticos”, projeta Rashid.

Karim vai além e afirma ser possível “desmaterializar o mundo” através dos polímeros plásticos. “Eles [polímeros plásticos] são leves, flexíveis. Com os polímeros podemos até remover embalagens sobressalentes no mundo. Se fizermos essas embalagens com polímeros biodegradáveis podemos mudar o conceito de embalagens que temos hoje em dia.”, defende o designer.

Rashid destacou o papel relevante ocupado pelo design neste processo de transformação da sociedade. “A gente está destinado a viver num mundo mais orgânico, mais suave, mais amorfo e fazer o design de forma mais suave. Essa suavidade é uma extensão do corpo humano. A gente está sempre se transformando, a experiência é tridimensional, quadrimensional, porque estamos usando todos os nossos sentidos e quando desenhamos podemos usá-los. O design transformou o capitalismo no que ele é hoje. A gente trazer o design para melhorar a experiência humana. Desenhamos para ter uma experiência humana melhor”, reflete o designer.

Karim contou que o interesse em trabalhar com polímeros plásticos começou na infância durante a visita de uma feira. “O que mais me chamou a atenção era um protótipo aspirador de pó feito de plástico. Levou muito tempo para que essa ideia chegasse no mercado. Hoje em dia as ideias chegam muito mais rapidamente. Precisamos de um ano para desenvolver e chegar no mercado”, lembra o egípcio que agora está trabalhando no desenvolvimento de uma bicicleta inteiramente feita de plástico para o mercado brasileiro.

“Estou trabalhando com bicicletas plásticas para o Brasil, no momento. Espero que esse projeto se concretize logo e essas bicicletas possam estar circulando por todas as ruas do Brasil”, concluiu.

“Economia Circular” por Paulo de Mattos Coelho, da Braskem

A economia circular é apontada como uma das principais vertentes para um novo mundo e a Braskem, a maior empresa de resinas plásticas das Américas e líder mundial na produção de biopolímeros, possui o compromisso global de contribuir para elevar a qualidade de vida das pessoas criando soluções sustentáveis.

As inovações em plásticos são essenciais para permitir que a sociedade eleve os padrões de qualidade de vida e melhore a sustentabilidade por meio de produtos que evitem o desperdício e aumentem a eficiência.

Os plásticos têm um papel crucial a desempenhar na entrega de um futuro mais sustentável. Por meio de sua combinação exclusiva de leveza, baixo custo e durabilidade, os plásticos já contribuem para a redução de emissões de gases de efeito estufa e o uso mais eficiente de recursos naturais, como energia e água. O plástico também assegura a produtividade agrícola, a segurança alimentar e a higiene hospitalar. Como resultado de sua versatilidade e capacidade de inovação, os materiais plásticos também são mais adequados para apoiar as tecnologias sustentáveis inovadoras.

A gestão adequada na disposição de resíduos plásticos pós-consumo é uma preocupação global crescente. Para que a sociedade potencialize os benefícios que os plásticos proporcionam, é essencial recuperá-los adequadamente, para que não causem danos ao meio ambiente, incluindo os ecossistemas marinhos.

Os plásticos devem ser usados com responsabilidade, reutilizados, reciclados ou recuperados. A Braskem entende também que os plásticos precisam ser adequadamente descartados.

Para isto, todos setores da sociedade e cada cidadão devem atuar juntos na evolução do consumo consciente e na gestão do ciclo de vida do plástico, incluindo o correto descarte e a reciclagem. Esta é uma questão complexa que traz desafios sociais e econômicos. É um tema que nenhuma entidade, indústria ou governo pode resolver sozinho.

Mesa-redonda sobre Sustentabilidade com Jorge Serna, da Nutresa e Luís Arevalo, da Kellog

Na mesa-redonda integrada por Jorge Serna, Diretor de Negociação e Compras da Nutresa, líder do ramo de alimentos processados na Colômbia, e pelo engenheiro de embalagens Luis Arevalo, Diretor de Sustentabilidade e Inovação para a América Latina da Kellog Company, foram discutidos os desafios para a cadeia produtiva no setor de alimentação.

Jorge Serna aposta em uma relação mais próxima e transparente junto aos fornecedores. “Temos que aproveitar o conhecimento da cadeia e potencializar isso ao redor de todos os nossos parceiros, abastecê-los com recursos e capacitação. É importante também otimizar os serviços e processos, alinhados a uma metodologia”, opina Serna.

Ainda de acordo com o representante da Nutresa, tão importante quanto ter uma metodologia é garantir que todos os parceiros envolvidos a adotem em seus processos. “Nem todos os fornecedores podem fazer tudo, por isso temos que nos conectar com o fornecedor, conhecer os seus propósitos, saber se ele pode inovar. A minha resposta é ter clareza e que todos estejam vinculados às nossas visões e missões”, finaliza.

Luis Arevalo, por sua vez, acredita que o sistema de economia circular é a resposta ao desafio do desenvolvimento econômico com sustentabilidade. ” O sistema de economia circular tem potencial de geração de empregos e isso nos convém a todos. Ela nos dá essa oportunidade de trazer novos materiais e processos, além de gerar empregos e prosperidade para todos, especialmente em uma região como a América Latina”, sustenta Arevalo.

Arevalo ressalta também a importância de um equilíbrio entre inovação, economia e experiência do consumidor. “Quando você faz a transição [para bioplásticos] há uma redução do tempo de validade do produto, então você precisa ser mais ágil na distribuição para que estes produtos não estraguem. A gente tem que compreender que o público espera uma experiência que o impressione, só assim teremos mais consumidores do nosso lado. A alta direção das empresas precisa estar focada na inovação e essa inovação deve ter o menor custo possível”, afirma.

Ainda de acordo com o executivo, a Kellogg Company projeta que até 2025 todos os materiais da empresa serão recicláveis e virão de fontes recicláveis.

“Estratégias de resiliência e inovação sustentável para enfrentar a pós-pandemia” por Sally Dominguez

O último webinar do primeiro dia do Seminário foi da designer e futurista australiana Sally Dominguez.

Sally convida as empresas a pensarem de maneira inovadora. “É preciso repensar a forma como se dirige a companhia e se fabrica produtos. Agora estamos no começo de uma nova era, a quarta revolução industrial, tão disruptiva como todas as outras”, afirma.

Dominguez acredita que as empresas devem assumir um papel de liderança nessa nova era: “As pesquisas estão mostrando que pessoas não confiam mais na lei e na ordem, mas todos querem que as empresas liderem o combate à desigualdade social e à mudança climática. Mais que pensar no lucro, é preciso pensar no quanto desejam impactar a comunidade. As companhias podem ser parte da solução global. Vocês devem ser líderes em esperança”, sustenta.

Ainda de acordo com Sally, isso será alcançado apenas se as empresas “abraçarem a mudança”. “Pensávamos que essas transformações aconteceriam até 2028, mas a Covid nos trouxe a essa nova era alguns anos antes do programado. Estamos num mundo de mudança exponencial e não mais incremental. Nesse cenário de mudança acelerada temos que pensar em formas completamente diferentes, em métricas diferentes. É o momento de pensar como você se sente em relação à mudança”, adverte Sally.

Respondendo às perguntas do público, Sally apontou a união entre diferentes setores da cadeia produtiva como fundamental para melhorar a visão do público sobre a indústria do plástico. “Esse criticismo [em relação ao plástico] se baseia na questão das emissões e geração de resíduos. Mas quando ele é transformado em energia, isso é fantástico. Vocês têm o papel de ensinar o mundo a como lidar com o plástico”, conclui.